Seja na viola, seja na guitarra, com chapéu de caubói ou trajado a la mod, fato é que Fabio Elias nunca deixou de estar na boca do povo. Líder da Relespública, e recentemente tendo enveredado para uma carreira solo no meio sertanejo, o irreverente músico concedeu uma entrevista exclusiva para o Curitiba Lado B. Fãs, estilos musicais, a cena local, enfim, Fábio Elias soltou o verbo, nas linhas que você pode conferir logo abaixo.
"Queríamos que o público nos valorizasse em casa. A gente conseguiu e acho que com alguma coisinha a gente contribuiu para essa cidade super careta mudar um pouco." Fábio Elias
Quem é Fabio Elias?
Um cantor, compositor, instrumentista e inquieto por natureza. Um cara que ama a música e a liberdade. Um homem do bem.
Através da Relespública você já teve a oportunidade de trabalhar com renomados músicos, a exemplo de Samuel Rosa e Nasi. Como foram essas experiências?
Não só eles, mas Eduardo Dusek, Milton Guedes, maestro Jota Moraes, Roger Moreira, Roberto Frejat e tantos outros que fizeram com que nos tornássemos artistas mais experientes, abertos e menos limitados.
Algumas imagens para o DVD da Relespública foram gravadas em 2009, mas só agora o DVD será lançado. O que realmente aconteceu?
Nós gravamos mas ninguém se interessou na época em lançá-lo. Éramos considerados banda "velha" pelos 21 anos de estrada percorridos na raça e ninguém se interessou mesmo. Então decidimos segurá-lo e darmos um tempo na banda; tirar umas férias. Quando a banda voltasse, tentaríamos lançar esse material e é o que está acontecendo.
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Fábio Elias chegando para mais uma entrevista
Foto: Rádio Música Curitibana |
Não é novidade para ninguém que viver de "rock" em Curitiba não é algo fácil. Logo, muitas das nossas melhores bandas acabam rumando pra outras cidades, na busca pelo sucesso, e pelo devido reconhecimento. No entanto, não é raro ver bandas sair daqui e, mesmo em grandes centros, não conseguir "vencer" na carreira. A Relespública, por sua vez, não precisou sair de Curitiba para ser reconhecida a nível nacional. Como funciona isso tudo?
Viver de rock poucas bandas vivem, não só em Curitiba, mas em São Paulo ou outras cidades também. Todas precisam de investimento, o que muitas vezes não acontece, infelizmente. No rock, não existem tantos empresários investindo em produção e tudo mais, como existe em ritmos mais populares como sertanejo e pagode. É raro ver uma banda com estrutura no rock daqui, como vemos lá fora. Aqui o músico de rock tem que carregar caixas, montar luzes, parafusar, martelar, remendar cabos... é muito tosco. A Relespública só não saiu daqui de Curitiba por falta de grana mesmo. Quando tínhamos 18 anos, não existia nada de investimento. Zero mesmo! Era pura diversão e vivíamos a sonhar em um dia tocar num palco que não caísse ou não desse choque. Então não saímos de Curitiba porque também queríamos mudar o mundo (o nosso mundo). Queríamos que o público nos valorizasse em casa. A gente conseguiu e acho que com alguma coisinha a gente contribuiu para essa cidade super careta mudar um pouco.
Durante o tempo longe da Relespública, você manteve contato com o Moon e o Ricardo?
A gente tirou férias e eu fui pra estrada. Rodei mais de 80 mil km pelo país em busca de trabalho e divulgar meu outro lado compositor. Não via o Moon, não via o Ricardo, não via minha família... não via nada além de estrada, rádios, hotéis e o GPS do meu carro. Como diz o título da música do Pena Branca & Xavantinho, fui "eu, a viola e Deus". Mas sempre que podia, mandava mensagens de feliz aniversário, feliz Natal, feliz Ano Novo, etc...
Como foi a decisão de entrar em férias com a banda?
Depois de 21 anos juntos, sem parar pra nada, foi necessário dar um tempo, no nosso caso. Se não parássemos, a Relespública acabaria de vez. Quando pintou o convite para eu gravar sertanejo, pelo produtor do Zezé Di Camargo, liguei na hora pros meus irmãos e então voltei pra Curitiba. Fizemos uma reunião e decidimos dar um tempo nos trabalhos. Sábia decisão dos três! O clima estava pesado e desgantante há algum tempo... A melhor coisa a fazer era parar e voltar com saudades, como fizemos.
O que, de fato, sua fase em carreira solo lhe agregou?
Muita coisa legal. Abriu minha mente para muitas coisas. Aprendi muito nessa estrada toda em 2 anos rodando, gravando, divulgando, cantando, tocando com músicos feras (muitos deles roqueiros precisando pagar as contas), conhecendo um Brasil que muitas bandas de rock não conseguem conhecer. Um povo humilde e injustiçado, mas nem por isso infeliz. Aprendi que não devemos reclamar de nada nessa vida. Tendo uma viola, uma cachaça e uns amigos, tudo se resolve!
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Foto: Jornale.com.br |
Por que o Fabio Elias resolveu voltar para o rock? E se você espera a mesma adesão do público como era antes?
Meu primeiro instrumento que aprendi a "pontear" foi a viola, aos 4 anos de idade. Sempre estive em contato com a música sertaneja, o vanerão, CTG's, etc... Mas fiquei conhecido tocando Rock na banda que formei com meus amigos, a Relespública. A verdade é que muita gente que curte rock, passou a curtir por rebeldia e pra sair do interior e vir para os grandes centros, estudar, morar, enfim. Não consigo imaginar alguém que "só ouça rock" ou "só ouça sertanejo" ou isso ou aquilo. O próprio rock veio da música caipira americana. Então é a maior besteira esse papo de um falar mal do outro. Mas muita gente curte perder tempo com isso, fazer o quê? Quanto ao público, quem é fã de verdade não tá nem aí! Querem é ver a Relespública no palco de novo, mandando ver naquilo que melhor sabemos fazer. Muita gente que me xingou, hoje quer ser meu amigo no Facebook! (risos) O que importa é que "eu nunca saí do rock", nem "virei sertanejo". Sou um artista e faço o que quiser com música e graças a Deus não sou limitado e nem guardo rancor de nada nessa vida super curtinha...
A Relespública já possui planos para um futuro próximo?
Sim! Lançar o DVD "Antes do Fim do Mundo", e se o mundo não acabar, lançar outro cd de inéditas, que estou com ele pronto na cabeça!
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