Ninguém
mais ouviu falar um "a", a respeito. Alguns, inclusive, disseram que
era caso de falecimento mesmo.
Erraram.
Mesmo nas penumbras da deep-web desde meados de 2011, eis que a Vitrola Lado B,
espaço democrático deste humildo recinto cibernético, dedicado a algumas gemas
escondidas nas discografias de uma galera massa, resolveu aparecer novamente. E
para compensar esse hiato nada agradável, a Vitrola Lado B, em sua sexta edição, tem
até... Tema! Isso aí. Tipo o teu fundo de tela do desktop, aquela coisa
estilizada, etc. e tal.
Na realidade, o que se passa é o seguinte: uma vez completas as
festividades de natal, ano novo, e aquela coisa toda, agora é hora da tigrada
voltar para o batente. É claro que alguns iluminados já tiveram esse prazer
logo no dia primeiro, ou no 2 de janeiro de 2014. Mas, pensando naqueles que
ainda saboreiam, com muita dor no coração as suas últimas horas longe do
trampo, a Vitrola Lado B hoje apresenta um disquinho que, na boa, vai plantar
todo o ódio, o sangue no olho, a casca grossa necessária pra encarar as filhas
da putagem, que começarão, novamente, na próxima segunda-feira.
E isso porque não acreditamos em corações bem intencionados no universo corporativo.
Nem nós, nem as lendárias riot grrrls do L7.
"Hungry For Stink" (1994) |
O L7 tinha tudo para ser uma banda de hard rock farofa. As
"tendências" de Los Angeles, ao final dos 80', apontavam justamente
nesse sentido. Agora, quis o destino que Donita Sparks, Suzi Gardner, Jeniffer
Finck e Demetra Dee Plakas seguissem por uma via muito mais interessante. Som
sujo, de pegada punk e flertes constantes com o metal (ou o contrário). Assim o
L7 revelou-se para a posteridade, sendo, inclusive, por vezes associado
à galera de Seattle do comecinho da década seguinte.
Depois de encaixar muito bem no mercado - e ainda, "bombar"
por festivais, canais de televisão, rádios... - com "Bricks Are Heavy",
lançado em 92 (é deste álbum que vem "Pretend We're Dead", o
maior hit emplacado pela banda, em toda a sua carreira), o L7 retornou
com produto inédito, dois anos depois. "Hungry For Stink" -
foi às prateleiras pelas Slash e Reprise Records, depois de um casamento da
banda com a Sub Pop, que durou dois discos - é o quarto trabalho de estúdio do L7,
datado em 1994, e que carregava consigo a ingrata missão de repetir o barulho
de "Bricks Are Heavy".
Mas, como sempre foi de praxe nas idas e vindas do L7, elas estavam... Cagando pra isso. Sem uma neura aparente em apegar-se ao bem sucedido disco anterior, as meninas deram um passo à frente, e ainda que sem revolucionar o seu próprio som, conseguiram, digamos, mostrar-se ainda mais descoladas - e o som, um bocado mais maduro.
Mas, como sempre foi de praxe nas idas e vindas do L7, elas estavam... Cagando pra isso. Sem uma neura aparente em apegar-se ao bem sucedido disco anterior, as meninas deram um passo à frente, e ainda que sem revolucionar o seu próprio som, conseguiram, digamos, mostrar-se ainda mais descoladas - e o som, um bocado mais maduro.
"Hungry For Stink" não chegou nem perto dos números ostentados por "Bricks Are Heavy". Por outro lado, presenteou os fãs da banda com a pancadaria de sempre, mas, repete-se, com uma leve pitada de "sofisticação", se é que isso fosse possível em se tratando de L7.
Distúrbios de ordem mental, drogas, ficar trancado para fora de casa e, até mesmo, psicopatia. Elementos tais quais estes preenchem as letras do disco, mas, num climão, frise-se, "Route 66". Não faltam menções à estrada, ou a possantes, noutro ponto que nos dá razão em lhe sugerir "Hungry For Stink" como disco oficial para, quem sabe, voltar da praia. E para voltar à realidade dando com o pé na porta.
"HUNGRY FOR
STINK"
1. "Andres"
2. "Baggage"
3. "Can I Run"
4. "The Bomb"
5. "Questioning My Sanity"
6. "Riding with A Movie Star"
7. "Stuck Here Again"
8. "Fuel My Fire"
9. "Freak Magnet"
10. "She Has Eyes"
11. "Shirley"
12. "Talk Box"
Abaixo, o áudio de "Hungry For Stink", na íntegra.