quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Os quinze anos do James (e um Ramone entre nós)

Ainda que nos dias de hoje a galera tenha como reduto alternativo de Curitiba, em termos gerais, as quadras do São Francisco e arredores, em tempos não tão distantes assim, o dito “underground” da cidade começava a ser movimentado em outros espaços. A Avenida Vicente Machado, por exemplo, foi um destes pontos de partida. E esta semana, um dos mais tradicionais redutos da noite alternativa da cidade, com endereço justamente na “Vicente”, completa o seu décimo quinto aniversário.

Durante esta uma década e meia de existência, o James passou por diversas transformações, tanto do ponto de vista estrutural, quanto do seu próprio público. Mas digamos que a essência da coisa segue a mesma, e não por menos, havia de se comemorar os 15 anos de história. Para tanto, o James organizou uma programação especial que teve início nesta quarta-feira (4/12), e contou com a participação de um senhor chamado... Marky Ramone.

Não há como pensar no punk sem falar em Ramones, não há como citar a lendária cena do CBGB sem falar em Ramones, não há como tratar de música no século XX sem falar em Ramones. E a partir do momento em que um Ramone, em carne e osso, notável por usar e abusar das baquetas na banda, pinta no pedaço, o mesmo não passa despercebido.

Durante a tarde Marky conversou com alguns devotos...
Horas antes do evento que teria Marky em seu DJ set, o James promoveu uma coletiva de imprensa com o mais polêmico integrante da lendária banda de Nova York. Bastante solícito e bem humorado, Marky falou de sua rotina, projetos, de música brasileira e, é claro, dos Ramones. As brigas com Dee Dee, a representatividade da banda que estampa milhares de camisetas de pessoas que sequer ouvem Ramones (segundo Marky, antes uma camiseta dos Ramones do que uma com a foto do Justin Bieber, ou do Justin Timberlake), a forte relação da banda com a América do Sul, dentre outras questões envolvendo o quarteto que atravessa gerações, ganharam as considerações de Marky.

Um pouco depois, na Quarta Rock – a festa propriamente dita – do James, Marky causou frisson ao atacar de DJ, e mandar na lata dos presentes alguns dos hinos “ramonianos”. No set houve ainda espaço para outras pérolas e gêneros, mas tudo sob o comando da cabeleira mais vistosa do punk estadunidense – depois, é claro, da Debbie Harry.

... E durante a noite quebrou tudo na Quarta Rock de 15 anos do James (fotografia: Filipe Almeida)

Comemorações em alto estilo, portanto, não estão faltando ao baile de debutante do James. Ali, no endereço de sempre, ensinando muita gente a ouvir coisa boa, e apresentando uma faceta no mínimo diferente de Curitiba. E com um pouco de sorte você cola lá e, ainda, tromba com um... Ramone. 

domingo, 1 de dezembro de 2013

Revista Jandique lança sua quarta edição

"Dalton", de Fabiano Vianna, ilustra a capa da Jandique #4

Neste sábado (30), na Livraria Arte & Letra, em Curitiba, foi lançada a 4ª edição da Revista Jandique. A publicação, numa junta independente de colaboradores exibe, em suas páginas, o texto de nomes contemporâneos da literatura local.

Sob a edição geral de Otávio Linhares, a quarta Jandique conta com crônicas e contos de Carlos Henrique Schroeder, Diego Fortes, Isadora Dutra, Miguel Sanches Neto, Renato Essenfelder e Thiago Tizzot, além de uma carta opinião, cuja rubrica é de Ivan Justen Santana. E permeando os respectivos trabalhos, a revista apresenta – ótimas – ilustrações de Fabiano Vianna, nas quais os traços levam os leitores, a uma quase que automática revisita a Poty.

Publicada trimestralmente, a Revista Jandique teve a sua edição inaugural sendo levada às prateleiras em fevereiro deste ano. Até o momento, nada menos do que vinte e quatro escritores já tiveram suas estórias e histórias levadas a cabo no projeto.

Notabilizado como berço, ou lar, de expressivos nomes da história da literatura nacional, o Paraná vê sua nova safra de poetas, contistas e romancistas trabalhando numa alternativa bastante interessante frente à carência de grandes editoras locais, com escopo para produções do gênero. Folhetins, trabalhos digitais e revistas independentes mostram-se opções inteligentes junto à problemática, e repetem, diga-se de passagem, uma fórmula muito bem sucedida, em outros tempos, nesta mesma Curitiba – vide a icônica Revista Joaquim que, dentre outros nomes, ajudou a revelar, ninguém menos, que Dalton Trevisan.

Para mais informações sobre a Revista Jandique, bem como formas de aquisição e assinatura: revistajandique@gmail.com.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Pocket show marca pré-estreia de álbum do Audac

Créditos da foto: Xis Foto Lambe-Lambe Digital
No último domingo (04), no estúdio Casa de Rock, em Curitiba, o Audac exibiu pela primeira vez, num pocket show, a íntegra do álbum homônimo da banda, a ser lançado oficialmente no próximo dia 15 de agosto, no James Bar.

O pocket show representou uma das recompensas do projeto Catarse do Audac, e contou com a presença de um bom público. Composto por Alessandro Oliveira (guitarra e vocal), Alyssa Aquino (teclado, sintetizadores e vocal), Debbie (baixo e vocal) e Pablo Busetti (bateria), o Audac gravou o seu já citado disco no primeiro semestre deste ano, no litoral de Santa Catarina, contando com a produção de Gordon Raphael, notabilizado por ter estado “atrás da mesa”, também, nos álbuns “Is This It” e “Room on Fire”, que alavancaram o The Strokes como uma das mais influentes bandas do século XXI.

Ontem (07), o Audac lançou o primeiro single do seu disco: “Brian May Coin”, que pode ser conferido abaixo:

Mais informações sobre o lançamento de “Audac” estão disponíveis no link: https://www.facebook.com/events/162356880616850/?fref=ts

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Festa em comemoração aos 10 anos da banda Mordida





Nessa sexta-feira, dia 9 de agosto, a banda Mordida fará uma festa em comemoração aos 10 anos de estrada. A formação atual conta com Paulo de Nadal (voz e guitarra), Raphael Vinotti (baixo) e Ivan Rodrigues (bateria). Eles também vão receber convidados especiais durante a festa que irá relembrar os 6 Eps's e o último disco lançado pela banda. (Clique aqui para saber mais do disco)

"A grande motivação pra esse show é agradecer a todos por esses 10 anos de aprendizado! A ideia é reunir as pessoas que tem a ver com essa história pruma noite divertida”, diz Paulo.

E não para por aí! O show de abertura será com a banda LP's e vai rolar uma discotecagem colaborativa com o público - as pessoas poderão indicar músicas de bandas curitibanas que elas gostariam de ouvir na festa, enviando um e-mail com o mp3 para contatomordida@gmail.com.

Serviço:

Mordida 10 Anos
Sexta (9), a partir das 23h.
Jokers – R. São Francisco, 164
Entrada = R$ 15 ou Entrada + Disco “Mordida 1” = R$ 20
Mais informações: www.mordida.art.br

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Rolou! Audac e Gordon Raphael iniciam gravações na quarta-feira

Gordon Raphael + Audac 
Depois de um mês de intensa movimentação nas redes sociais, sem contar a atuação da banda em diversas frentes no próprio ambiente físico da cidade – shows e bares da cidade – onde captou-se recursos para o projeto – finalmente veio o resultado do Catarse envolvendo a banda Audac. E para a alegria daqueles que botaram fé – e uma graninha – na ideia, e, por óbvio, dos integrantes da própria banda, a meta dos R$ 16.950,00 foi atingida – ultrapassada, pra falar a verdade – e assim, dentro de poucas horas o grupo realizará o sonho de muita gente: gravar com o “cara” responsável pelo mais influente disco do Século XXI.

Falem bem, falem mal, gostem ou não dos rapazes de New York, fato é que os Strokes possuem uma influência absurda em relação a inúmeros artistas – e anônimos – que surgiram na sequência. Foram os Strokes a principal bandeira desta, hoje corporação, coisa apelidada – ainda que de modo errôneo, do ponto de vista semântico do sufixo – de “indie”, bem como foram eles a banda espelho para qualquer meia dúzia de moleques que resolveu entrar numa garagem para tirar um som, nesta última década. E tudo isso só aconteceu... Por causa dos Is This It.

E o Is This It, por sua vez, disco seminal dos Strokes e conceitual para toda uma geração, tem como sua cabeça pensante o norte-americano Gordon Raphael, que numa mais do que caprichada produção transformou este disco “nisso tudo”, e, por que não, o próprio destino da música contemporânea. E acontece que este mesmo Gordon Raphael, já nesta próxima quarta-feira, estará “atrás do vidro” gravando o disco do Audac, como bem sucedido fim do Catarse envolvendo o quarteto de Curitiba.

Conforme o noticiado por um e-mail do Catarse que teve como destinatários os contribuintes do projeto, além da informação acerca do início das gravações, também revelou-se que as mesmas acontecerão em Florianópolis. Ainda na mensagem, consta que as recompensas adquiridas pelos incentivadores do projeto serão realizadas após o término dos trabalhos, na capital catarinense.

Além de ser mais um exemplo da transformação nas relações e possibilidades de trabalho e consumo no mercado fonográfico atual, o sucesso do projeto figura como um feito para a cena local, que não para de efervescer. O Audac está aí – mais uma vez – para provar. E depois de amanhã, quem sabe, carimbar de vez seu passaporte para o mundo.

A banda Audac já participou do nosso podcast. Clique aqui para conferir!

quarta-feira, 13 de março de 2013

A gente não tá de brincadeira

O curitibano, poeta, músico e compositor, Alexandre França,  lançou na data de ontem a música intitulada "A gente não tá de brincadeira", com participações de Uyara Torrente (A banda mais bonita da cidade) e Luiz Felipe Leprevost nos vocais. E também Ary Giordani  (acordeon) Diego Plaça de Souza (baixo), Vina Lacerda (bateria) e Alonso Figueroa (teclado). 

A letra valoriza a produção cultural em geral, como a música,  o teatro, a poesia e outras formas de expressão. São citados (ou aparecem no clipe) na música escrita por Alexandre França, varias bandas curitibanas tais como, a Confraria da Costa e a Banda Gentileza. E também artistas/poetas como João Francisco Paes, Marcos Prado e Paulo Leminski.

O papel da internet para os artistas na "libertação" das grandes gravadoras e na liberdade para a divulgação do material produzido também são lembrados na música. 

Confira abaixo: 

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Uh La La! no Festival Rec Beat 2013

Crédito: Natasha Durski
A banda Uh La La! foi a única representante paranaense no Festival Rec Beat 2013, evento que rolou entre os dias 9 a 12 de fevereiro deste ano, na cidade de Recife. Vale lembrar que a  Uh La La! já esteve em outros posts aqui do blog, como por exemplo na nossa playlist da semana.

Entre as atrações também estavam BNegão e os Seletores de frequência, a cantora Céu de SP, o duo de Mulheres Negras formado André Abujamra e Mauricio Pereira e outras. A fotografa Natasha Durski esteve lá e fez algumas fotos da Uh La La!

Para entrar em contato com a Natasha e também conhecer o seu portifólio, clique aqui  para ir direto para sua página do facebook.

Confira abaixo mais algumas fotos:
Crédito: Natasha Durski

Crédito: Natasha Durski

Crédito: Natasha Durski

Crédito: Natasha Durski

Crédito: Natasha Durski

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A estréia da banda Gripe Forte

Como havíamos mencionado em nosso post de terça-feira, a banda Gripe Forte faria sua estréia, ontem, no Empório São Francisco. E de fato o fez. O show de abertura ficou por conta de Sandra Piola e do Bruno Sguissardi, ambos da banda Anacrônica, que executaram uma mescla de canções da própria Anacrônica, como "Tardes em Guadalajara", e outros clássicos do rock nacional e internacional. Eles embalaram o público (e o double de Heineken também) para o show da noite: A estréia da banda Gripe Forte

Uma banda com Fábio Elias (Relespública), Oneide Diedrich (Pelebrói Não Sei?), Giovanni Caruso (Faichecleres) e Ivan Rodrigues (Mordida, Escambau e Magaivers) não tinha como dar errado. E não deu. Como esperado, o setlist foi inteiro baseado em músicas de suas respectivas bandas autorais e também versões de músicas da lendária banda paranaense, Blindagem. Representada no palco por Ivan Rodrigues, filho de Ivo Rodrigues

Todos os presentes estavam ali para escutar os grandes clássicos curitibanos. Clássicos esses, que lotavam o mesmo Empório em quartas-feiras inesquecíveis há algum tempo atras. E posso dizer que eles não decepcionaram. Ouvir a galera cantando em coro músicas como Odontalgia, Miragem e muitas outras, foi sensacional. Ouvir as músicas da Relespública sendo executadas com tanta empolgação quanto às famosas quartas-feiras no Empório também foi do caralho. Ouvir músicas dos Faichecleres não tocadas (e cantadas por Giovanni)  há muito tempo, completaram a experiência única vivida pelo público.

É isso ai! Resumindo, a banda conseguiu reunir o melhor (ou o mais marcante) da música curitibana recente e colocar num único show.  

Esperamos que a Gripe Forte nos pegue novamente e em breve.  

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Entrevista com o baterista Ivan Rodrigues

Um dos músicos mais conhecidos e atuantes da cena curitibana,
o baterista Ivan Rodrigues falou ao Curitiba Lado B sobre seus projetos,
opiniões a respeito da música na cidade, e da super banda Gripe Forte,
que estreia amanhã no Empório São Francisco. 
           
No papel, será o primeiro show da banda. Simples assim, como qualquer outra, que ainda não tocou para o povão, sobre algum dos inúmeros palcos da cidade. Mas ao mesmo tempo que Gripe Forte fará a sua apresentação inaugural nesta quarta-feira, no Empório São Francisco, os seus integrantes proporcionarão ao público, uma espécie de viagem no tempo. Nostalgia das melhores. Fábio Elias e Giovanni Caruso, que em outros tempos, “a bordo” de Faichecleres e Relespública ditaram o ritmo de quartas-feiras (!) épicas naquele mesmo Empório, agora se juntam a Oneide DiedrichPelebrói Não Sei? - e a Ivan Rodrigues para, através da Gripe Forte, prestar um tributo a bandas que ajudaram a construir (e que eles ajudaram a construir) a história do róque paranaense. Além das três já citadas, quem também ganhará versões de suas canções no show é o Blindagem, cujo lendário e saudoso frontman, Ivo Rodrigues, é pai do, há pouco mencionado, Ivan. Este, por sua vez, concedeu entrevista ao Curitiba Lado B falando das expectativas sobre a Gripe Forte, da cena local, e claro, dos inúmeros projetos que contam com suas baquetas, e fazem dele um dos músicos mais atuantes da capital paranaense.

Por mais clichê que seja a pergunta – principalmente para a primeira da entrevista – não dá para fugir dela: de quem, e como, surgiu a ideia de montar a Gripe Forte?
 A ideia foi sugerida pelo fotógrafo e músico Marcelo Stammer (C4), numa conversa no próprio Empório São Francisco, provando que é possível fazer um show inteiro, só com músicas curitibanas. E só com hits.

O projeto coloca, em cima de um mesmo palco, bandas locais (claro que não integralmente) que mudaram a vida de muita gente por aqui. Logo, não será um tributo qualquer. Sob esse ponto de vista, qual é a responsabilidade de subir lá, e ser intérprete de uma galera tão importante para a música de Curitiba? 
Olha, pra mim, que sou único não compositor da banda, é muito especial. Tenho uma relação muito forte com todas as canções do set list. Somar 3 bandas que sempre fui fã, às vezes roadie, às vezes baterista “step” (como aconteceu com a Relespública, uma vez que o Moon precisou se recuperar de uma cirurgia nos olhos), e agora me ver no palco com eles, tocando as músicas com os próprios compositores, é muito foda. Somado a isso poder homenagear e representar o meu pai, e o Blindagem, tocando músicas que fazem parte da minha vida, desde a minha lembrança mais antiga, você pode imaginar o frio na barriga.

Já há mais datas acertadas com o próprio Empório São Francisco, ou em outras casas? Ou num primeiro momento deverá ocorrer um único show?
Não é só um show, não. A ideia inicial é fazer uma festa mensal no Empório e vender esse show para o interior do estado também.

Há quem brinque que, caso você pare de tocar, metade das bandas da cidade encerrariam as suas atividades, tamanha é a quantidade de trabalhos e projetos dos quais você faz parte. Participando de tanta coisa, vendo e ouvindo tanta gente diferente, qual seria o seu “raio x” sobre a cena autoral local, no comecinho dessa segunda década do Século XXI?
(Risos) Fico lisonjeado com a brincadeira. Eu trabalho em 3 bandas autorais, e ativas: Escambau, Magaivers e Mordida. Meu "raio x" da cena autoral local é otimista, sendo que muitos trabalhos me fazem sair de casa, e pagar ingresso, para assistir ao vivo, a artistas como Crocodilla, Trem Fantasma, Uh La La, entre outros. A única crítica que poderia fazer é dizer que sinto falta do famoso "hit", aquela música que todos, desde o mais leigo que caiu, sem querer, no show, até os fãs que acompanham tudo sobre a tal banda, saibam o refrão. Aquele momento do show para abaixar a dinâmica da banda, e deixar a galera cantar. Isso eu sinto falta nas bandas novas.

Na própria divulgação do show desta quarta-feira, já se ficou sabendo que rolarão, também, músicas do Blindagem. Como é a sua relação com os demais membros da banda atualmente?
Muito boa, eles são como uma família para mim. Não só eles: também os seus os filhos, as esposas. Sempre que podemos, eu e minha mãe, vamos acompanhar algum show da banda, e matar um pouco da saudade.

Recentemente a Revista O Rato veiculou uma matéria onde vários artistas da cena local deram os seus pareceres sobre o velho dilema, “música autoral versus música cover”. Um dos depoimentos ali era seu, pendendo bastante para a necessidade de se valorizar a música autoral. A Gripe Forte, em sua essência, é um tributo, mas um tributo prestado a bandas locais, com gente que fez, ou faz, parte das mesmas – diferentemente da 99% do que se vê em matéria de música cover por aqui. Como você enxerga esse paradoxo?
É diferente. Quando o compositor da canção está no palco executando sua música, não é cover. Sim, quando tocamos Blindagem pode ser, mas prefiro encarar como homenagem, afinal eu sou o filho do compositor das músicas que vamos tocar.

Ainda na esteira da pergunta anterior: é possível se viver de música autoral em Curitiba, na atual situação da cidade?
Claro que sim. Para o compositor é. Grave suas músicas, monte sua banda e vá a luta. Se tiver qualidade, vai dar certo. No meu caso, como sou baterista, tento ser o braço direito do compositor, nesses casos. Tenho a sorte de trabalhar com os 3 compositores que mais admiro em Curitiba (Paulo de Nadal, Giovanni Caruso e Rodrigo Porco), e por isso consigo me virar, mas ainda me vejo obrigado a preencher minha agenda com shows cover para reforçar meu orçamento – e também não vejo mal nenhum nisso.

 No início do ano, a “pasta” da Fundação Cultural trocou de mãos. Quais seriam, na sua opinião, as atitudes mais urgentes, mais imediatas, que teriam de ser tomadas por essa gestão, em relação à musica, feita e produzida, em Curitiba?
 Olha, para ser sincero, eu não estou tão por dentro do que acontece lá dentro da Fundação. Mas não vejo com pessimismo, não.  Mesmo na gestão anterior, vi e participei de muitos projetos da Fundação, e espero que a nova gestão dê continuidade a isso.

_______________

Serviço: 
O que? Estréia da banda Gripe Forte 
Local: Empório São Francisco 
Quando: Amanhã, dia 20/02. Abertura da casa às 21h.
Quanto: Masc $20 / Fem $15 - Com bonus: Masc $15 / Fem $10.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Quarta-feira de Cinzas

"Na última noite do Psicodália, bandas curitibanas foram as responsáveis por deixar todo mundo com um gostinho de quero mais"


Lama, a loucura de sempre e apresentações memoráveis. Foi essa, basicamente, a tônica do Psicodália, um dos maiores festivais do país, que tomou corpo entre os últimos dias 28 de dezembro e 2 de janeiro, em Santa Catarina. Entre crianças e senhores de meia idade, espalhados pelos campings e áreas de convivência, estava gente de todos os cantos do país. É bem verdade que cada um trazia consigo a sua própria perspectiva em relação a tudo aquilo, mas o coro uníssono por diversão e momentos de catarse parecia partir de todos os presentes.

Com a exibição de alguns filmes, oficinas artísticas e atividades semelhantes, o Psicodália mostrou-se, mais uma vez, muito fiel à sua proposta essencial, não limitando-se à música como a sua única razão de existir. No entanto, não há como ignorar o peso que as atrações “chave” voltaram a representar para o festival este ano, tal qual já acontecera nas edições anteriores. A energia de Alceu Valença tocando o seu conceitual “Vivo!” (acrescido ainda, no bis, por outras canções muito marcantes da carreira do brilhante pernambucano) foi o primeiro carro forte do Psicodália a estacionar no seu palco principal. No dia seguinte, Os Mutantes retomaram a sua formação do disco “Tudo Foi Feito Pelo Sol” para a apresentação do mesmo – num show que chegou a chocar, pela emoção sublime que tomou conta da grande tenda. E por fim, o magistral Hermeto Pascoal, do alto de sua realeza musical, saudou o primeiro dia de 2013 da melhor maneira possível.

Seria de uma ignorância tremenda, porém, resumir os pontos altos do Psicodália às suas três apresentações mais aguardadas. Graças, ainda, a outros inúmeros artistas, o público que se fez presente ao festival não pôde reclamar pela falta de boa música. Rostos novos, velhos, (quase) anônimos e conhecidos fizeram sons de todos os jeitos, de todas as formas, e que remetiam à identificação cultural das mais diversas regiões do Brasil. E para aqueles que têm na atual cena musical curitibana o seu habitat, a sensação de “estar em casa” foi notória. A grande quantidade (do figurão Plá até à “pirata” Confraria da Costa) de bandas radicadas aqui presentes ao Psicodália, aliada à quente recepção dos “psicodalianos”, diga-se de passagem, nos fez quebrar a cabeça quando pensamos nas tantas portas fechadas aos artistas – músicos, ou não – em nossa própria cidade. Mas como o objetivo aqui não é puxar para baixo um astral tão alto, emanado dos campos verdes da Fazenda Evaristo – local sede do evento – que reste a menção à ótima impressão deixada pelas “nossas” bandas e que, sim, lá tiveram espaço e voz.

Um dos cantos mais concorridos nas noites do Psicodália, era a estrutura forte apache do Saloon. Uma vez encerradas as apresentações no Palco Sol e no Palco Psicodália, era para lá que o povo rumava, ao invés se entregar ao cansaço. Ali ficava o Palco dos Guerreiros, que de vez em vez ditava o ritmo para as últimas cartadas da noite, escancarando a proximidade entre artistas e público – lembrando, desta maneira, alguns dos mais conhecidos espaços físicos do underground curitibano. E foi justamente no Saloon onde boa parte daquelas almas flutuantes se aglomerou, na noite derradeira do evento – caprichosamente “caída” numa terça-feira. Mal começou o ano, portanto, e lá estávamos, todos nós, prestes a conhecer, também, a nossa primeira Quarta-feira de Cinzas. Horas depois já seria momento de levantar acampamento, e ver a carruagem virar abóbora de novo. Logo, cair de cabeça na última programação noturna do Psicodália era tudo que nos restava.

E foram, justamente, duas bandas de Curitiba que estiveram em ação nos dois shows daquela noite. Primeiro foi a vez da Pão de Hamburger mostrar o seu trabalho, e não deixar ninguém parado por ali, com uma música honesta e sem qualquer tipo de enfeites. E em seguida veio O Trilho, que tem no “front” um vocal feminino daqueles, respondido por Fabiola Malerba. Fosse em frente ao palco, fosse nos fundos do Saloon, a agitação era grande e entregava o quão todas aquelas pessoas estavam curtindo o “barulho”. E em ambos os casos não se tratava de qualquer som mais complexo, de difícil absorção. Pelo contrário: era, tão somente, o bom e velho róquenrou. Róquenrou este que teria lugar, perfeitamente, em inúmeros – badalado$ - espaços de entretenimento de Curitiba, ainda não oportunizados à nossa musica autoral. Motivando a problemática há diversos fatores, que fervem juntos neste caldeirão de falta de espaço e reconhecimento, na cena musical curitibana.

Entre uma bera e outra, contemplávamos as últimas movimentações do show da Pão de Hamburguer. Anunciou-se no microfone, então, um título vindo do precioso “Loki”, de Arnaldo Baptista. A música? “Será Que Eu Vou Virar Bolor?”, uma das retóricas maravilhosamente confunsas, do gênio mutante. Àquela altura do campeonato nossa cabeça já não estava muito apta a reflexões, e nem era esse o nosso real desejo no momento. Mas, em razão de todo o supracitado, aquele impactante refrão, caprichosamente ecoado por uma interrogação, pedia uma resposta. Será que eles, ali, na figura dos nossos artistas, iriam, ou vão, virar bolor algum dia? O “não” vem de imediato, e cheio de certeza. A nossa música jamais irá virar bolor. E se o contrário for a ordem de discurso nas tabernas da província, por favor, sem desespero. Afinal de contas, reza a lenda que há, nos emaranhados de Rio Negrinho, uma fazenda onde se encontra, dentre outras cositas más, música curitibana, da melhor qualidade.

Pão de Hamburguer - soundcloud.com/paodehamburguer

O Trilho - www.myspace.com/otrilho
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