A excentricidade que marca a vida de um “rockstar” muitas vezes nos afasta a certeza de que ali vive, de fato, uma pessoa cujos sentimentos são os mesmos que os seus e os meus. Estilos de vida desregrados, repórteres implacáveis, confusões a torto e a direito: cria-se uma aura em torno do artista, que nos leva considerar seus movimentos quase que robóticos, programados.
Mas não meu povo! Por trás
do microfone, das guitarras, da pose de “lenda”, bate um coração. Bate aqueles
sentimentozinhos cafonas que todo mundo tem. E mais: resta a certeza de que
eles não foram produzidos em alguma fábrica, comprados em alguma prateleira de
supermercado. Na vida daquele músico há, por pior que tenha sido a referida
experiência, uma família. Tanto é que acontecimentos dentro de quatro paredes,
envolvendo genitores e filhos, já serviram de inspiração para muitos clássicos,
e canções das quais a gente nunca esquece.
E na esteira da família,
chega-se à figura da mãe. Nesses casos, a relação maternal parece ser ainda
mais incisiva, e a partir dela músicos de diferentes gerações produziram
verdadeiras obras de arte que, até hoje, embalam os nossos ouvidos. Do
alcoolismo traumatizante à super-proteção, “mamães” representam um dos temas
prediletos para os violeiros de plantão. E nesse Dia das Mães, o Curitiba Lado
B presta essa singela homenagem às genitoras desse Mundão, sem as quais a
gente, sequer estaria aqui – literalmente falando: fizemos um “top 5” de músicas que têm “mães”
como tema, e o resultado você confere aqui embaixo.
5 – For Martha (The Smashing
Pumpkins)
Escrita por Billy Corgan, o frontman dos Smashing Pumpkins, quando sua mãe fora diagnosticada com câncer terminal, “For Martha” é a décima quarta música de “Adore”, o quarto álbum de estúdio da já citada banda de Chicago. Martha, no caso, acabou falecendo antes mesmo do início das gravações do disco.
4 – Lady Laura (Roberto Carlos)
Costureira, de vida pacata, Lady Laura é tema de
uma das mais emblemáticas canções do Rei. A música faz parte do álbum “Roberto
Carlos”, de 1978, que vendeu mais de um milhão e quinhentas mil cópias. Laura
faleceu em 2010, dois dias antes de Roberto completar 69 anos de idade.
3 – Mother (Pink Floyd)
Talvez a mais importante “opera rock” da história da música, “The Wall” ajudou a cristalizar a posição mítica ocupada, até hoje, pelo Pink Floyd. Em “Mother”, há a retratação da mãe super-protetora da personagem “Pink” (protagonista do filme homônimo ao álbum), que nada mais seria do que um alter ego de Roger Waters, baixista da banda e principal idealizador de “The Wall”.
2 - Mother (John Lennon)
Com “John Lennon/Plastic Ono Band”, o ex-Beatle consegue acertar a nossa alma, em diversas faixas do disco. Mas através de “Mother”, especificamente, Lennon, fazendo uso de uma canção simples e de uma melodia sem qualquer enfeite, vai além. É um autêntico soco no estômago. Ali, não se revive apenas as lembranças da mãe, Julia, como também do ausente Alfred, o pai de John.
1 – Let It Be (The Beatles)
Nunca uma mãe foi tão importante na história da música, como neste caso. Os Beatles viviam dias desgastantes, onde a exigência midiática era imensa, e eles estavam tendo de tomar as frentes, até mesmo, na hora de “empresariar” a banda – Brian Epstein, que o fazia até então, havia morrido. Como conseqüência, os quatro garotos de Liverpool estavam se distanciando cada vez mais, e a situação caminhava para o insustentável (à época nos remete ao período entre os lançamentos do “Branco” de “Abbey Road”). Foi quando, então, McCartney teve um sonho com a sua falecida mãe, Mary. E nele, ela lhe confortava, com alguma mensagem do tipo “tudo irá se acertar”, segundo explicação do próprio Beatle. A partir disso McCartney encontrou forças para “segurar as pontas” da banda, o máximo possível, e escreveu uma canção em homenagem à mãe – e ao seu conselho, dado no sonho. Por coincidência, foi justamente esta a canção-título do derradeiro trabalho dos Beatles. Curiosidade: Lennon não suportava essa música.